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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Bicho papão



Quando criança eu tinha medo de monstros imaginários que viviam embaixo da minha cama e provavelmente teria até hoje se não fosse pelo fato do meu atual leito ser baixo demais pra abrigar qualquer criatura de outra dimensão. Não tenho vergonha de dizer que coisas que me amedrontavam durante a infância ainda insistem em me perturbar, entre ele está o medo do escuro, só que de lá pra cá esses tormentos tem mudado de forma e adquirido outra cara.
Meus monstros ainda me acompanham, mas hoje eles não são mais peludos e com olhos enormes, não tem mais aquela pele gosmenta e os dentes afiados, capazes de triturar meus ossos como eu imaginava ser possível. Agora eles parecem pertencer menos ao mundo real e mais à minha mente fértil de menino. Como antigamente, eles ainda me tiram as boas noites de sono, me fazem acordar no meio da noite pensando ter olvido algum deles sussurrando algo perto da cabeceira. Hoje eu já não os enxergo tão claramente como em outrora, mas ainda os escuto nitidamente.
Tão bonitinho ahahaha
Parece que não somos mais inimigos, a caça e o caçador, entretanto parece que ganhei amigos, do tipo que te conta sempre a verdade mesmo que ela não seja tão agradável, que te sacaneiam quando você está bêbado ou que gritam seu nome em público te fazendo passar vergonha. São amigos bem inconvenientes, devo acrescentar, e gostam de pregar peças e me deixar com cara de idiota sempre que possível. Mesmo assim que não os odeio, pelo contrario.
Eles agora não me assustam tanto quanto antes, pois já não aparecem nos meus sonhos pra correr atrás de mim quando minhas pernas não respondem e não consigo gritar pedindo ajuda, não aparecem nos corredores escuros e tampouco correm do lado de fora da casa durante a noite.  Agora eles aparecem pra mim em forma de pensamentos incômodos que às vezes me abrem os olhos quando necessário, eles vem disfarçados de questões sem respostas que me fazem revirar na cama por horas antes de pegar no sono. São eles que aparecem quando me lembro de algo que eu deveria ter dito e não consegui ou quando me dou conta de deixei escapar uma boa oportunidade de ficar calado.
Olha eu ali =D
Ontem eles me davam calafrios ao pensar que poderia encontrá-los no quarto com as luzes apagadas, me faziam cobrir a cabeça com o meu manto mágico que a maioria das pessoas conhece como cobertor e fazer alguma oração improvisada. Hoje eu posso encará-los sem medo, pois os vejo sempre que olho no espelho. Agora não os temo mais já que abandonaram suas formas bizarras e suas faces assustadoras para tornarem-se meus aliados, meus amigos, minhas metáforas que posso tirar de debaixo da minha cama ou da minha imaginação quando eu me sentir sozinho e mandá-los de volta pra lá quando eu quiser um pouco de paz, porque aquele garotinho que tinha medo de dormir sozinho agora tem barba na cara, mas ainda corre pra acender a luz do banheiro quando acorda apertado durante a noite.



Música: All is Love
Atista: Karen O and The Kids

Trilha sonora de um dos meus filmes preferidos: “Onde vivem os monstros” (Where The Wild Things Are). Acho que caiu como uma luva rs




(Karen O and the Kids) Where the Wild Things Are [2009] - (02) all is Love by Iscaldor

2 comentários:

  1. Bern, pra começar...

    Adorei a escolha das imagens. Onde Vivem os Monstros é meu filme preferido também e você escolheu justamente a música que mais gosto.

    Antes era pior, mas volta e meia meus medos resolvem me visitar. Confesso que não sabia lidar com isso e simplesmente me rendia. Agora não, eu faço o possível para enfrentá-los. Afinal, eles fazem parte de mim. Seria como eu me temesse, se é que você entende.

    E novamente acho que te entendendo... e me identifico.

    Boa sorte e parabéns pelos textos.

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  2. carinha vc ta te parabens...
    tambem sou fã desse Onde vivem os monstros
    e tamebm curto essa trilha
    Enfim
    medos de crianças e medos de gente grande
    com o tempo aprendemos a lidar com eles

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